Descrição
Situando as relações entre literatura e arquitetura no quadro mais amplo dos estudos culturais e, mais especificamente, no contexto das produções artísticas e dos estudos sobre arte, o autor constrói, no presente texto, um panorama de tal diálogo. Muitas vezes, com efeito, o que é indicado é a falta de diálogo, tendência constante observada nas discussões sobre a arte. O autor revela a intensa afinidade que a arquitetura assume com a tradição retórica, sobretudo por se tratar de campos que se dedicam ao efeito, além da afinidade com amnemotécnica, em virtude da vinculação desta com o espaço. Nesse sentido, outro campo especialmente relevante para a arquitetura é a poética, que é algo obliterada, no decurso do século XX, pela gramática – sendo isso, de acordo com autor, a principal transformação legada pelo estruturalismo no pensamento arquitetônico. Mesmo após o que ele denomina spatial turn, tendência que levou os estudos, a partir da década de 1990, a trazer elementos espaciais para o centro do debate, a arquitetura continua a ser menos considerada que outros aspectos. Um dos principais aportes da literatura, principalmente com Proust e pensadores como Gaston Bachelard e Walter Benjamin, seria ressaltar o “espaço vivido” dentro do “espaço matemático”. De outra parte, o autor salientaque as importantes contribuições da arquitetura para estudos sobre a cultura ainda estão por ser percebidas.