Descrição
A partir da focalização de três situações relacionadas ao campo das Artes, o texto aborda conceitos tais como Encontros interculturais e Hibridação, no contexto da cultura da pós-modernidade. Tais conceitos foram examinados a partir de Néstor Garcia Canclini, tendo-se invocado para falar de pós-modernidade autores como Fredric Jameson, Richard Sennet e Terry Eagleton. As hibridações aqui focalizadas não se resumem a meros encontros de estilos e gêneros artísticos! Seu aspecto mais notável diz respeito a como, nesses processos, sujeitos, geralmente pensados como destituídos de qualquer possibilidade de interferência sócio-cultural, colocam em destaque suas músicas (o caso da cumbia, que penetrou espaços sociais mais refinados, ou do tango e do chamamé, que abandonaram seus redutos tradicionais e adentraram por outras faixas geracionais) e seus traços (a figura da rainha Vitória da Inglaterra representada com feições da etnia iouruba), inscrevendo-se em formas de expressão cultural associadas a grupos socialmente dominantes. Salientou-se que as produções culturais hibridadas se notabilizam pela diversidade de estilos que congregam, pelas articulações possíveis entre tradições culturais distintas e por transgredirem sistematicamente as fronteiras do popular, erudito, primitivo, popularesco e midiático, bem como do que se configurava como arte. Registrou-se, também, que as reconfigurações operadas nos processos de hibridação não decorrem, simplesmente, de intencionalidade transgressoras, criadoras ou constestadoras individuais. Por certo estão nelas presente decisões de destacados gestores da cultura contemporânea, representados pelos controladores do mercado fonográfico e das artes, de um modo geral, sendo, porém, necessário atentar, como destacou Canclini, para como essas formas hibridadas gestam-se nas ambivalências da industrialização e da massificação globalizada dos processos simbólicos, bem como nos conflitos de poder que esses processos suscitam.
