Descrição
No presente trabalho proponho abordar o uso da imagem fílmica como ferramenta para a construção da memória histórica e sensitiva da Guerrilha do Araguaia, através do documentário Soldados do Araguaia. O documentário se propõe dar voz às memórias e traumas de ex-soldados que participaram da repressão aos guerrilheiros e até então foram omitidos pela historiografia, pelo próprio Exército devido às denúncias que apontaram contra a corporação, assim como foram igualmente marginalizados pelo Estado brasileiro como tentativa de apagar as marcas desta campanha muito devido as atrocidades ocorridas. O meu olhar está para a questão do método que o estado ditatorial carregou no AI-5 ser tão repressivo que atingiu até mesmo a estrutura interna do Exército. Com essa finalidade me serão de muita utilidade as teorias de Michel Foucault sobrePoder Disciplinar e Panoptismo de Estado com o intuito de refletir a tortura empregada aos soldados, indicando que estava ligada ao objetivo de construir, como forma disciplinar, a mentalidade de torturador, assim como estava ligada a busca de informações para sanar o problema da ameaça subversiva. Procuro também trabalhar a questão da memória me sustentando em Walter Benjamin, como instrumento para refletir sobre a Guerrilha do Araguaia, através da ação de rememorar feita pelos ex-soldados em que passado, presente e futuro se intercalam.