Descrição
Este texto, fruto de pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCAR/ São Carlos/ SP, investiga a relação entre o envolvimento feminino em ativismos populares e os processos – individuais e coletivos – de nomeação de estranhamentos relacionados a subordinações sociais percebidas no cotidiano. A partir de interlocuções, ocorridas entre 2015 e 2017, com mulheres que, por diferentes formas e caminhos, passam/ passaram por experiências em práticas ativistas nas cidades de Campinas e São Paulo, percebeu-se que o envolvimento ativista pode ser parte de uma busca social por mapear e nomear angústias e insatisfações em relação a normatizações sociais que tecem o convívio nos espaços públicos e na família e naturalizam subordinações e violências. O exercício de “dialogar em público” sobre questões sociais, possibilitado nos encontros ativistas, coloca-se como uma possibilidade de nomear coletivamente sensações iniciais de não identificação a, principalmente, a dois reguladores presentes no contexto brasileiro de expansão da racionalidade neoliberal: os discursos/práticas de privatização do espaço público e o dispositivo familiar que centraliza na figura feminina a responsabilidade pelos cuidados domésticos e familiares.||This text reflects about the relationship between popular activist involvement and the individual and collective process of naming strange sensations arising from social subordinations that build subalternities perceived in everyday life. In interviews with women, conducted from 2015 to 2017, who had experiences in popular activism in the cities of Campinas and São Paulo, it was perceived that popular activism involvement can be part of a social quest to name anxieties and dissatisfaction related to social norms that weave socializing in public places and in the family. Public dialogues about social issues, made possible by activist meetings, may be a possibility of naming previously sensations that were previously confusing sensations and to strengthen dis-identification in relation to two social regulators present in neoliberal rationality: the discourses/ practices of privatization of public spaces and the family dispositive that centralizes domestic and family care responsibilities for women.