Descrição
Resumo: Se a questão da alteridade é crucial para qualquer documentário, esta se torna mais pungente quando essa relação se estabelece a partir da diferença de classe. Sobretudo num país profundamente desigual como o Brasil, investigar as relações instauradas – por meio da imagem – entre o cineasta e as diferentes classes sociais para as quais este lança seu olhar é uma tarefa necessária para quem deseja pensar o documentário – e, por meio dele, pensar o país. Tendo isso em vista, o artigo busca analisar o filme Um lugar ao sol (Gabriel Mascaro, 2009). Consideramos o panorama do documentário brasileiro sob o prisma da relação com o “outro de classe”, e destacamos a singularidade do filme, ao decidir figurar a élite do país. Investigamos como o filme enfrenta o desafio de “filmar o inimigo” (Comolli, 2008) em sua própria mise-en-scène, considerando sua montagem e elaboração de planos. Palavras-chave: Documentário, Alteridade, Classe social, Elite, Um lugar ao sol.Abstract:If the question of the otherness is crucial to any documentary, it is especially important when this relationship is established on the basis of class difference. Particularly in a deeply unequal country like Brazil, those who want to think about documentary – and, through it, about the country, must investigate the relationships established – through images – between the filmmaker and the different social classes s/he decides to focus on. It is in this sense that this article analyzes the movie High rise(Gabriel Mascaro, 2009). After reviewing the history of “class alterity” in Brazilian documentary we emphasize the singularity of a film that represents the country’s élite. Underscoring framing and editing choices, we analyze how the film accomplishes the task of “filming the enemy” (Comolli, 2008) in its own mise-en-scène.Keywords: Documentary, Otherness, Social class, Elite, High rise.
