Descrição
Desde o início, os quadrinhos modernos parecem ser marcados pela representação do movimento, resultado de uma cultura de velocidade, diretamente relacionada à ligação entre a dimensão seqüencial das narrativas gráficas e as potencialidades do meio na representação visual da progressão. Como contraponto, este artigo defende os quadrinhos como um meio privilegiado para o cultivo de regimes lentos. O desafio aqui é abordar conceitos como ritmo e duração em um meio em que o tempo de leitura não é imposto, mas pode variar amplamente de leitor para leitor. O artigo propõe identificar possíveis estratégias de desaceleração da leitura, como quebra e segmentação dos requadros, densidade da página, quantidade de texto, traço gráfico e a relação entre o nível de detalhe e o grau de atenção exigida. Especial atenção será dedicada ao modo como a relação entre linearidade e tabularidade tão própria dos quadrinhos pode contribuir para explorar a lentidão.