Este ensaio propõe um modelo para o entendimento da percepção da paisagem pelos estudos da retórica, da argumentação e do imaginário aplicado às crônicas do escritor Caio Fernando de Abreu. Parte-se do princípio de que a difusão de uma paisagem a torna uma construção retórica e não está isenta de neutralidade, ela vincula às suas representações tanto crenças e intenções, quanto as paixões dos seus produtores. Serão propostos dois conceitos para a compreensão dessa experiência estética: paisageria e paisaginário. A paisageria é entendida como a força motriz e particularizada do sujeito discursivo. Um produtor que percebe e comunica a sua paisagem ao outro; um mundo de metáforas e de símbolos no qual a retoricidade está em evidência. Já o paisaginário é um conceito ligado à intimação que o espaço exerce sobre a consciência, e ainda à influência da paisagem sobre a imaginação humana.