Descrição
As marcas d'água identificadas em documentos produzidos na capitania de São Paulo durante o século XVII evidenciaram que papéis de diferentes proveniências circulavam na América e se convertiam em suportes de informações privilegiadas para a comunicação entre as várias partes do Império Português. Não obstante sua reconhecida importância, o artefato papel, como produto do trabalho humano e vetor de relações sociais, tem recebido pouca atenção da historiografia brasileira. A fim de fomentar o debate, este artigo identifica alguns circuitos comerciais e administrativos de papéis entre os centros produtores papeleiros, o reino e seus domínios, envolvendo diferentes atores sociais, e procura captar as mudanças de seus usos e funções nesses percursos. Ao atentar para a materialidade dos documentos, intenta-se destacar sua centralidade para o funcionamento do Império, cujo sucesso dependia, em grande medida, da produção escrita que se desenvolvia nos territórios ultramarinos.||The watermarks identified in documents produced in the captaincy of São Paulo during the 18th Century showed that papers of different origins circulated in America and became privileged supports of information for communication between various parts of the Portuguese Empire. Despite its recognized importance, the paper artifact, as a product of human labor and a vector for social relations, has received little attention from Brazilian historiography. In search of contributing to the debate, this article identifies some commercial and administrative paper circuits among paper producing centers, Portugal and its domains, involving different social actors, and seeks to capture changes in their uses and functions in these trajectories. Focusing on the materiality of the documents, the text intends to highlight its centrality to the functioning of the Empire, whose success depended, to a large extent, on the written production that was developed in the overseas territories.
