Descrição
Apresentamos uma leitura do conto The Machine Stops, de E.M.Forster, publicado em 1909. Na descrição de um mundo governado pela máquina, Forster expõe sua crítica a certas tendências do século que começava: o isolamento do indivíduo, o esfacelamento das relações humanas, o crescente desenvolvimento tecnológico e industrial, a crença desmedida no progresso, o distanciamento do homem em relação à natureza, a repressão da faculdade instintiva, o enrijecimento das convenções sociais e a consciência de classe. Em nossa análise, privilegiamos a relação entre os gêneros literários da utopia e da ficção científica, a partir de estudiosos que retomam e, por vezes, fazem uma revisão crítica dos estudos pioneiros de Darko Suvin, publicados durante a década de setenta. O conto de Forster também nos possibilita investigar a crise de certos paradigmas da tradição utópica – como a tensão entre liberdade individual e o controle do Estado -, por ser um dos textos fundadores da literatura distópica que, ao longo de todo o século XX, terá uma enorme difusão. Nesse sentido, nosso estudo também busca compreender a complexa relação entre as noções de utopia e distopia, a partir da distinção conceitual elaborada por Berriel.