Descrição
Este artigo busca refletir sobre as relações entre a escrita de cartas, os processos de subjetivação e dessubjetivação e os processos de criação na cultura contemporânea, utilizando-se das experiências de Antonin Artaud e baseando-se no cenário atual de uma intervenção da artista Sophie Calle. Desenvolve-se a ideia de que as cartas ocupam essa espécie de experiência de borda do literário, mas que hoje podem ser vistas não mais, ou não exclusivamente, como testemunho da obra ou da vida, mas como insurgência do desejo de escrita e, por conseguinte, da invenção desse espaço [im]próprio ao/do literário. Para tanto, o artigo busca distinguir a noção de vida (pecuniária) da de Vida (força vital, crueldade) e a partir daí levanta a hipótese de que as cartas (cadernos e muitas vezes também os ensaios) criam e habitam essa zona de indeterminação/passagem (DELEUZE, 1993) entre a literatura/Vida e a vida.