Descrição
Ao longo da segunda metade do século XX, algo radicalmente novo aconteceu no campo religioso latino-americano. Na medida em que se aceleravam os processos de diversificação cultural e transformação política do continente, emergiu no seio das igrejas cristãs um renovado compromisso ético com a transformação das estruturas vigentes e com a superação da dependência e das desigualdades sociais. Na Teologia e nas Ciências Sociais, a força proveniente desses Cristianismos de esquerda passou a ser tomada como fator decisivo para o sucesso de processos revolucionários, para a luta pela retomada da democracia e para implantação de governos populares com projetos alternativos à hegemonia do capital e ao modelo da felicidade pelo consumo. Nas primeiras décadas do novo século, mesmo depois de tantas ofensivas neoconservadoras – do Vaticano e da nova configuração das igrejas (neo)pentecostais – ecos desses “outros jeitos de ser cristãos” se fazem presentes nos movimentos de católicos e evangélicos na periferia, na luta de padres, pastores e seus fiéis pelo respeito aos direitos humanos e, mais recentemente, na sinalização do Papa Francisco à importância da crítica radical da “idolatria do dinheiro e do perverso sistema econômico atual, responsável ao mesmo tempo pela extensão da pobreza e pela destruição da natureza”. [...]