Descrição
Este estudo discute algumas táticas de enquadramento sobre o evento da pandemia da COVID-19 em dois pronunciamentos do atual presidente da República. A partir do quadro teórico da semântica cognitiva, buscamos mostrar como essas táticas de enquadramento dependem do uso da linguagem metafórica e imaginativa para a negação de cenários da pandemia. Analisamos as seguintes táticas de enquadramento: NORMALIDADE É LIBERDADE ECONÔMICA, IMPORTÂNCIA É TAMANHO e FALSA CAUSALIDADE. Argumentamos também que o discurso de negação de cenários da pandemia baseia-se tipicamente em uma estratégia mais geral de enquadramento do tipo cross-frame negation (FILLMORE, 1985), que pode ser muito bem projetada em uma estrutura de pressuposição discursiva. Essa estrutura pressuposicional discursiva se estabelece por meio de um contra-frame em negação a outro frame convencionalmente compartilhado no discurso. Nossa reflexão pretende apontar para a importância de conhecermos padrões de estilo cognitivo que envolvem o discurso político quando comprometido com a negação como política de Estado.