Descrição
Este texto procura fazer uma reflexão sobre o processo de pesquisa de campo articulada à criação. Procuro refletir sobre os lugares importantes de produção de conhecimento associados ao corpo e às identidades murui-muina, a partir do trabalho em andamento sobre a relação entre oralidade e movimento nas danças tradicionais do povo indígena murui-muina, localizado na fronteira entre Colômbia, Brasil e Peru, enfatizado no espaço tradicional denominado mambeadero. O texto aventura-se em reflexões mais teóricas sobre conceitos como “exotopia”, para explicar as ideias de tempo e espaço nas narrativas mitológicas, e sua relação com conceitos nativos como “rafue”- palavra que significa movimento - que ajudam a entender formas poéticas de perceber o corpo e o tempo. A partir do conceito de rito de passagem, desenvolvido por antropólogos como Turner e Van Gennep, explico a concordância entre o tempo mitológico - tempo de isolamento e de liminaridade - e o posicionamento exotópico na corporificação do mito. Essa reflexão articula- se com o que, para os murui-muina, constitui a noção de ancestralidade. Uma forma de pensamento, palavra e obra (nas palavras murui-muina), que compreende o espírito como uma forma corporal e material manifestada no trabalho cotidiano. PALAVRAS-CHAVE: Corpo cotidiano. Exotismo. Tempo mitológico. Oralidade. Corporalidades indigenas. Ancestralidade.