Descrição
Teatralidade tátil é uma ideia elaborada pelo professor e pesquisador Flávio Desgranges (2008) a partir da noção de recepção tátil de Walter Benjamin (1993) que opera uma mudança no modo de concepção da relação entre espectador e obra, notada- mente no teatro contemporâneo, em que os sentidos são antes construídos/atribuídos pelo público do que dados previamente pelo criador, para serem decodificados. Nesse tipo de relação, a participação do espectador, que antes se restringia a uma posição contemplativa/passiva em relação ao objeto observado, é solicitada a todo o momento. É a partir dessa noção que tece- mos uma análise crítica do espetáculo Qualquer coisa a gente inventa, de Meran Vargens, reapresentado no Teatro Martim Gonçalves, na Escola de Teatro da UFBA, em março de 2016. Ao mesmo tempo em que apresenta este aspecto contemporâneo, em sua concepção, o espetáculo retoma uma tradição que tem sua origem nos aedos antigos, figuras responsáveis por preservar e transmitir, através da fala, do canto e da dança, a um só tempo, a memória cultural de um povo. Esta reflexão foi elaborada e escrita originalmente para a disciplina Tópicos Especiais em Artes Cênicas – Teorias da Recepção, ministrada pelo professor Doutor Luiz Cláudio Cajaíba, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia.Palavras-chave: Teatro contemporâneo. Recepção tátil. Qual- quer coisa a gente inventa.