Descrição
O presente artigo visa a traçar um paralelo entre O Fio das Missangas – de Mia Couto – e La Casa de los Espíritus – de Isabel Allende –, no que tange à resistência “feminina” diante da “opressão”. O objetivo de tal paralelo é demonstrar que a representação da resistência das mulheres na literatura apresenta elementos distintos, já que tratamos de personagens localizados em contextos diversos. Busca-se ainda evidenciar o papel muitas vezes submisso e servil sancionado às mulheres que naturaliza situações de violência, dificultando a resistência desses sujeitos em um universo opressor. Faz-se necessário conhecer mais profundamente esses papéis sociais e em que medida eles estão arraigados à cultura e intrinsecamente a serviço de uma sociedade patriarcal. O presente estudo se justifica, pois lidamos com autores que abordam uma temática semelhante em contextos diferentes. Quais as estratégias de resistência utilizadas pelos personagens ambientados no contexto da África e da América Latina? Contextos tão diferentes demandariam soluções diferentes? Entendemos que tal comparação vai ao encontro dos pressupostos da Teoria Queer (aqui utilizada como base de análise) no que tange ao caráter heterogêneo do gênero e sua dimensão discursiva.