Descrição
A história da arte já não é mais a mesma. Quem ainda se apega a velhos monstros sagrados – como Giulio Carlo Argan, Kenneth Clark, Pierre Francastel, E.H. Gombrich, Arnold Hauser, René Huyghe, Nikolaus Pevsner, Herbert Read e outros autores populares entre as décadas de 1950 e 1970 – compartilha um pouco o destino do náufrago que tenta se agarrar aos destroços do navio. Muitas peças, embora perfeitamente servíveis no seu contexto original de uso, apenas ajudam-no a afundar mais depressa. Por mais sólidos e nobres que parecessem quando vistos do convés, âncoras, hélices e reluzentes corrimãos de latão de nada adiantam na situação presente. Outros objetos, antes menos considerados, ainda servem para boiar um pouco: cadeiras, almofadas, um velho caixote de madeira. Pode até despontar de algum lugar inesperado uma bóia ou um legítimo bote salva-vidas. Porém, a travessia para a pós-modernidade é longa, em mar aberto, e não há notícia de bóia ou bote que tenha suportado a violência das águas no momento em que a nau modernista foi a pique.