Descrição
Neste artigo busca-se ampliar a compreensão do uso do termo roça atribuído pelos autores de estudos sobre o campesinato, assinalando, para além da sua identificação com o roçado, o seu caráter de categoria nativa amplamente utilizada nos mais diversos contextos brasileiros. Argumenta-se que roça é utilizada como uma categoria de caráter relacional, empregada tanto para situar as pessoas a contextos determinados, como para significar e valorar tais contextos. Metodologicamente partiu-se da análise desta categoria nativa, roça, em textos literários, em letras de músicas e nas marcas de produtos, destacando nestes o seu caráter romântico, idílico e nostálgico. Nas considerações finais destaca-se que o termo roça apresenta uma dimensão de tradição reinventada, evidente, no Brasil, sobretudo, a partir dos anos 1990, a qual parece evidenciar um contexto em que os sentidos ligados à tradição presentes no material analisado revelam um processo sutil de classificação distintiva de bens e de pessoas.