Descrição
O presente artigo analisa dois filmes documentários sobre a ditadura militar brasileira: Tempo de resistência (André Ristum, 2004) e Vlado – 30 anos depois (João Batista de Andrade, 2006). O que distingue as duas obras é que numa a narrativa está voltada para o particular, enquanto que a outra, está centrada em narrar o geral. Mas, quando os testemunhos ocupam-se em narrar as torturas, as diferenças entre os filmes desaparecem. Assim, buscamos entender as razões que justificam a repetição do mesmo discurso, a tortura, nestes filmes, para em um segundo momento, compreendermos como os depoimentos sobre a tortura se estruturam, a partir da noção de “enquadramento” proposta por Michael Pollack. Com essa finalidade, buscamos analisar, auxiliados pelos estudos de Walter Benjamin, a relação destes depoimentos com uma peculiaridade que marca a sociedade contemporânea: a expropriação da experiência.