Descrição
O texto, tirando partido de um recente conjunto de produções teóricas sobre o tempo e a temporalidade, busca situar as diferenças de gênero de uso do tempo de vida cotidiana, desenvolvendo hipóteses e analisando as condições de vida de grupos domésticos em uma plantação canavieira do Norte Fluminense. O trabalho busca reunir diversos fatores, para explicar o condicionamento no uso do tempo por homens e mulheres, tais como idade, setor de atividade, posição no sistema de estratificação social, manejo de símbolos e de nível de instrução, reunindo analiticamente os espaços publico e privado. A pesquisa efetuada com 44 grupos domésticos, relacionados com a transformação da cana-de-açúcar, demonstra que o uso do tempo pelos seus membros varia de acordo com a inserção do domicílio no sistema de plantação, com a composição do grupo doméstico (famílias estendidas, nucleares, monoparentais com chefia feminina), particularmente ante a presença de crianças pequenas. Os que habitam em residências mais precárias levam relativamente mais tempo com as atividades domésticas, porém em todos os tipos de domicílio, permeia o padrão patriarcal com ligeiras variações.