Descrição
Este artigo consiste numa interpelação política do saber antropológico sobre a sexualidade. Pergunta-se aqui pelas possibilidades da antropologia para promover uma crítica da dominação cultural que se estenda a seus próprios protocolos de pesquisa, especialmente no que se refere aos desafios apresentados pela experiência sociossexual atual. Etiologias como “invertidos” e “pervertidos”, utilizadas pela antropologia, levam a questionar a dimensão normativa desse campo de saber. Seguindo nessa reflexão, busca-se mostrar que, se por um lado, o postulado de uma crítica anti-naturalista se encontra presente na antropologia, o lugar teórico que esta oferece para pensar os modos de vida homossexuais precisa ser complementado. Tal se realizaria a partir da recente reflexão teórica acerca das relações de poder e de dominação que as normas de gênero implicam.