Descrição
Apresentamos a reflexão nietzschiana sobre a indissociabilidade entre filosofia e fisiologia, relação descartada pela tradição metafísica do pensamento ocidental, que pouca importância concedeu ao corpo e aos seus elementos intrínsecos, assim como aos seus processos orgânicos. Uma vez que a base axiológica da filosofia de Nietzsche se sustenta por uma compreensão imanente da existência, o corpo adquire o estatuto de eixo diretriz das valorações e a fisiologia se torna a “ciência” da vida, sustentada por uma interpretação existencial singular e perspectivística dos processos orgânicos. Tal circunstância retira qualquer conotação normativa e universalista, emancipando-se ainda de qualquer traço positivista, pois a compreensão fisiológica da existência, em Nietzsche, exige a afirmação da singularidade de cada organismo, uma vez que cada corpo reage aos estímulos externos e aos elementos assimilados cotidianamente de maneira distinta dos demais, impedindo assim a formulação de um princípio absoluto de valores, tal como a metafísica pretendeu estabelecer.