Descrição
Por meio século, o Brasil foi marcado por um crescimento espetacular das igrejas evangélicas. Entre 1960 e 2010, estas passaram de uma subcultura minoritária a um parceiro político-religioso essencial, capaz de influenciar a vida cultural, política e econômica do país em suas mais altas instâncias. Essa mudança ocorreu em um contexto pós-colonial caracterizado por uma recomposição religiosa e social que reduziu a influência da Igreja Católica. Tal processo sócio-histórico não está isolado. Também ocorreu no Sul dos Estados Unidos, entre 1800 e 1850. Assim como no Brasil, o Sul dos Estados Unidos passou de uma sociedade colonial escravista, dominada por uma Igreja hegemônica (a Igreja Anglicana), a uma sociedade pós-colonial marcada pela pluralização do campo religioso e social, no qual as igrejas evangélicas assumiram uma posição dominante. Apresentando na primeira parte a história dessa ascensão evangélica no Bible Belt (sul dos Estados Unidos), o objetivo deste artigo é fazer uma comparação com a ascensão evangélica no Brasil, atento a questões e pistas de análise baseadas em uma sócio-história comparada.