Descrição
: Este artigo se propõe a analisar excertos da obra de Visconde de Taunay e do escritor sul-mato-grossense Hélio Serejo com o intuito de comprovar a existência da “comarca oral”, defendida por Carlos Pacheco (1992), ideia na qual a oralidade é indicador cultural fundamental na ficção literária latino-americana. Na linguagem textual percebe-se a presença da cultura oral representativa da época histórica, bem como o indivíduo em suas práticas social, cultural e existencial. Muitos são os pontos que unem Taunay (1843- 1899) e Serejo (1912-2007), apesar de terem vivido em séculos diferentes, os escritores tem em comum a construção romanesca e a representação do indivíduo local: o sertanejo (como mito), seu habitat, e suas práticas. A construção narrativa e posicionamento do narrador em questões como alteridade, focalização, tempo/espaço, exibem o traço historiográfico, o subjetivismo do “eu” lírico, o biografismo, o memorialismo do escritor romântico “porta-voz”, indicando a comarca oral local. Esses aspectos serão pontuados nos contos “O sertão e o sertanejo” de Taunay, e em “Caboclo de minha terra” e “Campeiro de minha terra”, de Serejo.