Descrição
Este artigo parte da tentativa de identificar a incidência de mecanismos de subjetivação atuantes na sociedade moderna e suas implicações para a configuração do estatuto que o saber assume na contemporaneidade. Recorrendo ao arcabouço teórico psicanalítico, buscamos traçar um panorama que situa a emergência do sujeito moderno como fruto da discursividade científica, cujos efeitos sobre o campo do saber modificam a forma com que os sujeitos relacionam-se com o conhecimento. A psicanálise, ao interrogar o sujeito a produzir um saber singular sobre seu sofrimento, insere-se numa perspectiva ética que busca resgatar o saber inconsciente do esquecimento a que a ciência o submete, rechaçando a homogeneização e a padronização da subjetividade a que este método aponta. Ao reintroduzir a dimensão inconsciente na leitura do sofrimento psíquico, o método psicanalítico leva em consideração a dependência entre sujeito e linguagem, de forma a resgatar o valor singular e enunciativo da fala.