Descrição
A análise desenvolvida neste artigo é produto de pesquisas sobre processos e mecanismos constitutivos de identidades culturais no Quebec. Destaca-se, no texto, a abordagem do discurso literário como lugar privilegiado de circulação de figuras nas quais se identifica a representação de ethoï constitutivos da permanência da alteridade francesa na constituição do discurso literário quebequense. No estudo comparatista entre universos discursivos que representam regiões culturais distintas, evidencia-se a prática desconstrutora de paradigmas colonialistas que engendram uma discursividade crítica sob o processo do neocolonialismo contemporâneo. Como referencial teórico desse discurso, destaca-se o conceito de uma importante bricolagem cultural fundado no emblemático paradigma da bâtardise que anuncia aos quebequenses a passagem de sua condição de herdeiros a fundadores. O jogo de trocas entre as alteridades culturais fundamenta uma poética do fragmentário realizada exemplarmente na obra do escritor quebequense Réjean Ducharme pelas práticas da citação e da reciclagem textual que revelam a presença de inumeráveis hipotextos, dentre os quais se selecionam os de André Gide e Émile Nelligan como objeto de pesquisa.