Descrição
A emergência de uma arte política na década de 1960 pode ser vista no contexto da transição entre a ideia modernista de uma arte pura, isolada da realidade, defendida por Clement Greenberg, e a proposta pós-moderna, que devolve a arte a seu contexto, seja ele físico, social, cultural ou linguístico. No caso brasileiro, entre os vários modos de atuação, duas estratégias específicas merecem ser estudadas com mais atenção: a arte ambiental e a arte guerrilha. O artigo propõe identificar as origens de tais propostas, suas semelhanças, diferenças e sobreposições, e examinar teóricos, artistas e obras engajados em cada vertente. Partindo das definições teóricas explicitadas nos discursos artísticos da época e em análises de casos, conclui-se que, de fato, a linha defendida por Mário Pedrosa e Hélio Oiticica e a linha defendida por Décio Pignatari e Frederico Morais não são antagônicas, mas convergentes. Porém, sua diferente recepção aponta para modelos distintos, que continuam a ser adotados pelas gerações mais recentes.