Descrição
Quando se trata de literatura infantil constrói-se uma linha fronteirística com a literatura para adultos, o que a princípio é muito importante, na medida em que se delimitam espaços e tempos para cada gênero literário. Por outro lado, a contemporaneidade hibridiza, gesta em sua forma tempos e espaços, nos quais a infância comparece como um palimpsesto oculto a ser revelado. O que possibilita pensarmos no intercâmbio com a clínica psicanalítica nessa discussão, haja vista o casamento entre os dois. Por isso pretendemos focar ou pôr ênfase nos desdobramentos dos rastros da infância para homenagear o escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez, na obra “Del Amor y Otros Demónios”, romancista falecido no início de 2014. Suas obras se estruturam de forma barroca, logo é comum a presença de fantasmas textuais, de espectros advindos de personagens dos contos de fadas numa sobreposição de imagens que se misturam ao texto primeiro, e que comparecem nas paredes textuais, nas dobraduras palimpsésticas como um significante flutuante que se engasta a literatura contemporânea como um reflexo do barroco. Essa presença tardia de um corpo voz memorialístico só se torna possível quando a plasticidade e/ou materialidade das formas/imagens são simbolicamente marcadas, tatuadas como Lei e são reconhecidas pelo leitor como presença de uma oralidade perdida.