Descrição
ResumoJosé Saramago, autor de Memorial do Convento, apropria-se de elementos históricos para provocar o leitor, apontando-lhe o sujeito moderno como um ser questionador e, sobretudo, crítico. Com perfil próprio de um escritor contemporâneo, o autor propõe uma história que, certamente, se insere na História, sugerindo uma nova forma de ler e interpretar, e colocando em cena personagens que foram deixados à margem da versão historiográfica oficial. Assim, este trabalho tem por objetivo discutir e elucidar as relações entre história e ficção enquanto territórios em permanente contaminação no discurso poético. A composição da obra é marcada pela metaficção historiográfica (Hutcheon, 1991) e se apropria de personagens e acontecimentos que fundaram a história portuguesa, construindo um processo estético que transforma os componentes romanescos. O texto metaficcional desloca os fatos concebidos como verdadeiros e propõe o questionamento das verdades históricas em um tempo presente. O desenvolvimento do trabalho explicita que, a narrativa não é composta, simplesmente, por um processo mimético, mas por um trabalho de representação complexo com a palavra.