Descrição
A investigação filosófica com crianças na Grã Bretanha tomou um caminho diferente daquele dos EUA e de várias partes da Europa. Os que a praticam na Grã Bretanha tendem a utilizar um grande número de materiais domésticos improvisados em lugar dos livros do programa do IAPC; e lidam com uma gama de estímulos filosóficos que não são, ou não exclusivamente, centrados no texto. Uma vez que os livros do IAPC tomam por base a educação norte-americana, os seus contextos culturais e linguísticos são por vezes opacos e até impenetráveis para as crianças britânicas. Este artigo explora as possibilidades de dar início a uma investigação „estética‟, isto é, uma investigação filosófica com obras de arte e outros objetos, por exemplo, artefatos religiosos e cotidianos, objetos naturais e encontrados. O artigo pesquisa as diferenças entre as investigações, estética, por um lado e aquela convencional, baseada no texto, por outro, e faz sugestões quanto às vantagens e o valor da investigação estética. O fato de que estímulos outros que o texto filosófico sejam admissíveis como ponto de partida para a investigação filosófica, não implica que eles operem automaticamente da mesma maneira que os textos. Na investigação convencional, o texto é o trampolim para investigação: um veículo, e não mais do que isso, para transportar os participantes para o terreno da investigação filosófica. O texto não tem, ou não tem a intenção de ter, qualidades estéticas intrínsecas. No entanto, uma imagem, uma peça musical ou um objeto artesanal têm um tipo de realidade física diferente daquela do texto, bem como suas qualidades estéticas próprias. Qualidades estas que requerem uma forma de investigação diversa daquela baseada no texto.Embora a literatura sobre pesquisa estética venha aumentando, ainda que lentamente, suas características especiais ainda não parecem ter sido submetidas à pesquisa sistemática. Uma vez que defendo a posição de que há diferenças importantes entre as investigações baseadas em textos e as que deles prescindem – diferenças tanto no que se refere à sua natureza, quanto em relação à investigação que delas resulta – espero que este trabalho venha a contribuir para uma discussão sobre essas diferenças.||Philosophical inquiry in the UK has taken a somewhat different route from that in the US and various parts of Europe. Practitioners in the UK tend to use a great deal of home-grown materials instead of the IAPC books. They also rely on a range of philosophical stimuli that are not, or not exclusively, based on text. Their embeddedness in the North-American educational, cultural and linguistic contexts renders the IAPC texts sometimes opaque, even perplexing, to British child readers. This paper explores possibilities of initiating ‘aesthetic’ inquiry, i.e. philosophical inquiry with works of art and craft and other objects, e.g. religious artefacts and everyday, found or natural objects. It investigates the differences between aesthetic and conventional text based inquiries and makes suggestions about the advantages and value of aesthetic inquiry. That stimuli other than purpose-written philosophical texts are admissible as starting points for philosophical inquiry does not automatically mean that they work the same way as texts. In conventional enquiry the (purpose-written philosophical) text is the springboard for enquiry: a vehicle, and no more than that, to convey the participants to the realm of philosophical inquiry. The text has not, or is not meant to have, intrinsic aesthetic qualities. However, a picture, a piece of music or a craft object does have a different kind of physical reality from text, as well as inescapable aesthetic qualities. These qualities necessitate an approach to the inquiry that is different from the text-based one. Whilst the literature on aesthetic inquiries has been increasing, albeit slowly, their special characteristics do not yet seem to have been subjected to systematic investigation. Since it is my contention that there are important differences between text- and non-text-based inquiries both in terms of their nature and the nature of the inquiry they generate, I hope that this paper will contribute to a discussion on these differences.||La investigación filosófica con niños en Gran Bretaña tomó un camino distinto que en los EE.UU. y partes de Europa. Aquellos que la practican en el Reino Unido tienden a utilizar un gran número de materiales improvisados en lugar de libros del programa del IAPC, y se basan en una serie de estímulos filosóficos que no son, o no exclusivamente, centrados en el texto. En la medida en que los libros del IAPC tienen por referencia la educación estadounidenses, sus contextos culturales y lingüísticos son a menudo opacos e impenetrables para los niños británicos. Este artículo explora las posibilidades de iniciar una investigación "estética", es decir, una investigación filosófica con obras de arte y otros objetos, por ejemplo, objetos religiosos y objetos cotidianos, naturales y encontrados. El artículo examina las diferencias entre la investigación estética y la investigación convencional basada en el texto, y hace sugerencias en cuanto a las ventajas y el valor de la investigación estética. El hecho de que otros estímulos que no el texto filosófico sean admisibles como punto de partida para la investigación filosófica, no implica automáticamente que operan del mismo modo que los textos. En la investigación convencional, el texto es el punto de partida para la investigación: un vehículo, no más que eso, para el transporte de los participantes al campo de la investigación filosófica. El texto no tiene, o no tiene la intención de tener, calidad estética intrínseca. Sin embargo, una imagen, una pieza de música o un objeto artesanal tienen un tipo de realidad física diferente del texto, así como sus propias cualidades estéticas. Cualidades que requieren una forma de investigación que no sea basada en el texto. Aunque la literatura sobre la investigación estética aumente, si bien que lentamente, sus características especiales no han sido todavía objeto de investigación sistemática. Una vez que defiendo la posición de que existen importantes diferencias entre las investigaciones basadas en los textos y las que renuncian a ellos - diferencias tanto respecto a su naturaleza, como en relación con el tipo de investigación que de ellas resulta - espero que este trabajo contribuya para una discusión de estas diferencias.
