Descrição
No presente artigo analisamos os percursos e fundamentos das disputas em torno da história e memória entre o Estado e seus entes (Itaipu, Poder Judiciário) contra o povo Guarani, do subgrupo linguístico “Ava”, na região Oeste do estado do Paraná. Através da análise de algumas Ações Judiciais envolvendo a disputa por terra, constatamos um discurso construído em torno de elementos que confluem para desconsiderar a história Guarani e desconstruir a memória da ocupação territorial regional. Na disputa por memória, materializada na questão territorial, está a hidrelétrica Itaipu Binacional contra a população Guarani. Nos últimos anos os Guarani intensificaram processos de ações por conquistas territoriais, questionado a “memória oficial” sobre a região e evidenciaram elementos que desnudam a história construída em torno do vazio demográfico e de sua suposta integração à sociedade. Eles passaram a ocupar os últimos fragmentos de Mata Atlântica fora do Parque Nacional do Iguaçu, localizados na Área de Preservação Permanente (APP) do lago de Itaipu. Buscaremos demonstrar que a propriedade da terra não é o principal elemento em disputa, mas sim a memória que pode tornar-se ameaçadora para a imagem da empresa mais lucrativa no Sul do Brasil, construída numa época de exceção de direitos.