Descrição
De Monteverdi a Mahler, R. Strauss e o jovem Schoenberg, a tonalidade constantementedesafiou suas próprias bases morfológicas e mostrou-se, ademais, rica em formas e em procedimentos formais. O presente artigo tem por objetivo demonstrar o potencial construtivo de um procedimento composicional que denomino integração funcional, o qual consiste em imbuir contextualmente de funcionalidade acordes, fragmentos melódicos etc. concebidos por meios alienígenas à tonalidade funcional. Para tanto, exponho aqui osmínimos requisitos morfológicos para que as propriedades construtivas da tonalidade– como, e.g., as relações funcionais entre seções formais ou as relações de reciprocidadeentre níveis locais e níveis mais amplos de organização harmônica – operem; e relato o processo de composição de uma peça para clarineta, na qual realizo um tal processo de integração funcional. Concluo, em especial, que esse procedimento propiciou uma relação constante de descoberta com a tonalidade e com a forma resultante, não prescrita e singular.