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A CONJUNTURA BRASILEIRA E O MAL PAULISTA
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Descrição
Em uma conversa recente, o deputado Ibsen Pinheiro, com a sagacidade de costume, reagindo à minha perplexidade diante dessa desconcertante situação de “partido único virtual” que estamos a testemunhar, observou-me algo impaciente: “Professor, para haver oposição é preciso haver ao que se opor!” Vindo de quem veio, a frase não queria apenas dizer que a ação do governo Lula é uma continuação evidente – por certo, com as inevitáveis nuances, adaptações e algum aggiornamento – das políticas do governo FHC, ambas marcadas pela prioridade concedida à abertura dos mercados, à austeridade fiscal, às reformas liberalizantes e ao esforço de implementar políticas sociais semiintegradoras e semicompensatórias. Ademais, o que sugeria Ibsen é que a frágil oposição que hoje temos não acha ao que se contrapor simplesmente porque a preservação do núcleo duro da política nacional é suficiente para fazer com que os interesses sociais essenciais do país tenham-se como servidos. O que é dizer que nem a Febraban, nem a Rede Globo, nem a Fiesp vêem motivos para dissentirem do atual governo. A pertinência dessa análise é inconteste, mas o sentimento de perplexidade persiste, porque é difícil entender como chegamos a esse ponto. É que parece demasiado abstrata a constatação de que estamos simplesmente diante de mais um caso da proverbial capacidade de cooptação das elites brasileiras tradicionais. Ou, por outra: continuam a ser tão enigmáticos quanto antes da explicação estrutural os fatores que fizeram com que o PT – com o programa de reformismo radical que por muitos anos foi o seu, com a longa jornada de lutas sociais que marcou sua história – se deixasse tão facilmente enredar nesse jogo de cartas marcadas. Tampouco é fácil compreender o que está ocorrendo com os demais partidos – PSDB e PFL, notadamente –, que, de maneira igualmente obscura, têm-se mostrado inteiramente incapazes de preservar sua histórica prerrogativa de representação dos interesses econômicos fundamentais do País. (Continua...)
ISSN
2179-2925
Periódico
Autor
Torres, João Carlos Brum
Data
31 de julho de 2017
Formato
Idioma
Direitos autorais
Copyright (c) 2017 Revista UFG
Fonte
Revista UFG; Vol. 9 No. 4 (2008) | Revista UFG; Vol. 9 Núm. 4 (2008) | Revista UFG; v. 9 n. 4 (2008) | 2179-2925 | 1677-9037
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion