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Música e voz para além do som||Música e voz para além do som
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Descrição
O presente artigo busca, a partir daquilo que o compositor Luciano Berio chamou de "musicalidade presente nas livres partículas" e do estudo da trajetória do conceito de escuta, e consequentemente de música, ao longo do século XX, evidenciar um tipo de musicalidade que estaria presente em certos modos de manifestação da literatura. Para tanto, toma por ponto de partida as propostas da música concreta e do serialismo integral, experiências radicais da música no séc. XX, como base para a leitura das poéticas de Samuel Beckett, Christophe Tarkos e Georges Aperghis. Os três autores são tomados aqui como momentos distintos, que perfazem as décadas de 1970, 80 e 90, da produção poética em sua relação direta com a arte da performance. Em cada um desses casos, tem-se diferentes modulações do trabalho com a voz, ainda que em todos possamos arriscar a presença de um traço comum: a leitura do texto que se abre à sua materialidade acústica e temporal. Tal aspecto é evidenciado pela ciclicidade com que suas escritas se valem, realçando a ideia de uma musicalidade que não se reduz à sonoridade ou ao ritmo das palavras, mas à palavra em sua completude, inserida em um campo aberto de significados, sonoridades, métrica, imagens etc. Propomos assim observar a potência vocal que atravessa a poesia, imaginando um movimento de mão dupla, de mútua interferência entre as invenções da música e da poesia no séc. XX, aquela capacidade de dizer algo - seja com palavras ou outros sons - não enunciável pelo discurso, mas pelo embate livre entre palavras, fonemas, frases.||Pour le présent article nous essayons de mettre en lumière une certaine musicalité présente dans quelques manifestations littéraires. Notre point de départ c’est ce que le compositeur Luciano Berio a appelé "musicalité présente aux particules libres" en conjonction avec les notions "d’écoute" liées à la musique au long du XXème siècle. Ce qu’il se propose ici, donc, c’est de faire une lecture des pratiques poétiques de Samuel Beckett, Georges Aperghis et Christophe Tarkos. Les trois auteurs couvrent trois moments distincts entre les décades de 1970 et 1990 d’une production poétique qui a toujours cherché une relation directe avec l’art de la performance vocale. Chacun prend par rapport une nouvelle image de voix et on peut dire qu’ils ont un trace commun: la lecture du texte ouverte vers son image acoustique et temporelle. Pourtant, nous remarquons que cette question ne concerne pas seulement la matière sonore ou même la métrique, mais la construction des cycles en comprenant les mots dans leur complétude, comprises dans un champs ouvert de signification, de sonorité, de métrique, d’images diverses etc. Nous proposons donc d’observer la puissance vocale qui traverse la poésie, en imaginant un mouvement de double sens qui comprend les jeux mutuelles d’interférence entre les inventions musicales e poétiques du XXème siècle : cette capacité de dire – soit en mot soit en sons – le non énonçable par le discours, mais qui est présent aux embats libres entre mots, phonèmes, phrases
ISSN
1413-2982
Periódico
Autor
Malufe, Annita Costa | Ferraz, Silvio
Data
13 de abril de 2015
Formato
Identificador
https://www.revistas.usp.br/ls/article/view/97229 | 10.11606/issn.2237-1184.v0i19p149-167
Idioma
Direitos autorais
Copyright (c) 2020 Literatura e Sociedade
Fonte
Literatura e Sociedade; v. 19 n. 19 (2014); 149-167 | Literatura e Sociedade; Vol. 19 No. 19 (2014); 149-167 | Literatura e Sociedade; Vol. 19 Núm. 19 (2014); 149-167 | Literatura e Sociedade; Vol. 19 No 19 (2014); 149-167 | 2237-1184 | 1413-2982
Assuntos
Performance | musicalidade | Samuel Beckett | Luciano Berio | voz | poética. | Performance | musicalité | Samuel Beckett | Luciano Berio | voix | poétique
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion