Descrição
Neste ensaio abordamos a controvérsia motivada por uma entrevista, nacionalmente veiculada por importante canal de televisão brasileiro. Nela, um eminente pastor pentecostal negava haver qualquer base biológica para o que se referia como homossexualismo, recomendando que “pacientes” homossexuais se convertessem ao heterossexualismo. Diferentes atores sociais do campo religioso (evangélico) e científico (genética/biologia) manifestaram-se então sobre as possíveis causas da homossexualidade. Examinamos a repercussão dessa controvérsia entre antropólogos e ativistas LGBT e revisitamos a clássica oposição, trazida à tona por ela, entre perspectivas essencialistas e construtivistas nos estudos sobre a sexualidade. Sugerimos, finalmente, que o próprio conflito entre tais perspectivas deva ser entendido como parte do problema a ser analisado em futuras pesquisas antropológicas.||This paper discusses the controversy that arose from an interview broadcast by a Brazilian television channel during which a prominent Pentecostal pastor denied any biological basis for what he termed homosexualism, recommending that “patients” should convert to heterosexualism. The interview provoked comments from actors in the fields of religion (evangelical) and science (genetics/biology) on the possible causes of homosexuality. The paper examines the repercussions of this controversy among Brazilian LGBT activists and among anthropologists. It revisits the classical opposition between essentialist and constructivist perspectives, which the controversy brought to the fore and ends with an anthropological approach suggesting that the conflict between these perspectives should itself be understood as a problem for further research