Descrição
Em 4 de novembro de 1996, por ocasião dos 100 anos do nascimento de Antonin Artaud, a Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona realizou uma “leitura dramática”, no Museu de Arte de São Paulo (MASP), de sua peça radiofônica Pra dar um fim no juízo de Deus. A encenação de José Celso se tornaria um dos marcos da pulsão performativa do grupo – principalmente ao recorrer em cena a materiais como sangue, esperma e fezes. O presente artigo celebra os 25 anos dessa montagem, memorando um ensaio emblemático da escritora norte-americana Susan Sontag sobre a vida e a obra do poeta francês. Escrito em 1973, Abordando Artaud desfaz a vulgata de um entusiasta do corpo, ressaltando a face gnóstica e “heroica” do idealizador do Teatro da Crueldade. No Oficina, no entanto, Artaud será sempre iluminado pelas lições de Oswald de Andrade, pelos lemas da contracultura e pelas manifestações performáticas da cultura brasileira – carnaval, samba e candomblé.||On November 4th, 1996, to celebrate the 100th anniversary of the birth of Antonin Artaud, the Teatro Oficina group performed a “dramatic reading” at the São Paulo Museum of Art (MASP) of Artaud’s radio play Pra dar um fim no juízo de Deus. José Celso’s staging would become one of the milestones of the group’s performative drive, especially due to the use of materials such as blood, sperm and feces on the stage. This article celebrates the 25th anniversary of this spectacle, remembering an emblematic essay by the American writer Susan Sontag about the life and work of the French poet. Written in 1973, “Abordando Artaud” undoes the vulgate of a body enthusiast, emphasizing gnostic and “heroic” aspects of the creator of the Theater of Cruelty. At Oficina, however, Artaud will always be enlightened by the lessons of Oswald de Andrade, slogans of the Counterculture and Brazilian cultural performances such as carnival, samba and candomblé.