Descrição
Dissertação também disponível em formato impresso, com o número de chamada DM 2015/04||n/a||This work proposes that the interaction between subjects, based on Mikhail Bakhtin’s (1885-1975) concept of relational subject and dialogism, can be applied to the understanding of music in order to recognize emergent meanings, which come from different speeches that participate in a musical enunciation, by understanding that the relations of otherness have aesthetic and formal implications. Initially, to situate the reader in the development of the ideas proposed by Bakhtin, the problem of reception of his works is discussed and some concepts are also defined that are related to dialogism and the idea of otherness. Then two different dialogical contexts are proposed and the relations of otherness present in the music of these contexts are analysed. In one of them, the song considered is related to Bakhtin’s primary discursive genre, that is, the one that arises in a social context of immediate discoursive communication associated with a real and everyday interaction. There are considered some researchs in ethnomusicology, highlighting the akia- and ngere-like musical forms, shown in the research that Antony Seeger did about the indians suyás of Mato Grosso. In the other context, music associated with what Bakhtin designates as secondary discursive genre, which occurs in a context of an impersonated dialogue, in which musical text becomes a formal space for the interaction between subjects and also as the place of representation for this dialogue. With this, different surveys, which use the concept of intertextuality to analyze the music of some brazilian composers, are discussed. Finally, and based on the discussion presented, some issues are identified and systematized that could be associated with a musical aesthetic of otherness based on the Mikhail Bakhtin's philosophy of language.||n/a||Este trabalho propõe que a interação entre os sujeitos, fundada no conceito de sujeito relacional e no dialogismo do filósofo Mikhail Bakhtin (1885-1975), possa ser aplicada à compreensão da música, de modo a reconhecer uma emergência de sentidos oriundos de diferentes discursos que participam de um enunciado musical, pelo entendimento de que as relações de alteridade têm implicações estético-formais. Inicialmente, para situar o leitor no desenvolvimento das ideias propostas por Bakhtin, é discutido o problema da recepção das suas obras e também são definidos alguns conceitos que estão relacionados ao dialogismo e à ideia de alteridade. Em seguida, são propostos dois contextos dialógicos distintos para a análise das relações de alteridade presentes nas músicas destes contextos. Em um deles, a música considerada é aquela relacionada ao gênero discursivo primário bakhtiniano, isto é, aquela que surge num contexto social de comunicação discursiva imediata e que está associada a uma interação real e cotidiana. São consideradas algumas pesquisas em etnomusicologia, dando destaque para as formas musicais akia e ngere, apresentadas nas pesquisas que Antony Seeger realizou entre os índios suyás, de Mato Grosso. No outro, a música analisada é aquela associada ao que Bakhtin designa como gênero discursivo secundário e que ocorre num contexto de comunicação discursiva não imediata e aqui associada ao contexto do diálogo representado, no qual o texto musical passa a ser um espaço formal de interação entre sujeitos e o locus de representação deste diálogo. Com isso, são discutidas diferentes pesquisas que se utilizam do conceito de intertextualidade para análise da música de alguns compositores brasileiros. Finalmente, e com base nas discussões realizadas, são apontadas e sistematizadas algumas questões que poderiam estar associadas a uma estética musical da alteridade baseada na filosofia da linguagem de Mikhail Bakhtin.
