Descrição
Este artigo busca refletir sobre o uso da linguagem pop estrangeira como linha de fuga na formação identitária nacional, a partir de exemplos historiográficos recontados em colagens disjuntivas que remetem à intermitência das imagens vagalumescas propostas por George Didi-Huberman em A sobrevivência dos vaga-lumes (2011). A pesquisa tem como objeto de estudo literário principal a obra da banda de rock americana Nirvana, de meados da década de 1990, e suas aproximações com outras vertentes da estética pop, particularmente a obra plástica de Andy Warhol e a literatura dos escritores beat William Burroughs e Allen Ginsberg. Também, no aspecto que chamaremos trânsito de formas, a imagem dos vaga-lumes retorna para corporificar o processo de emergências das formas da linguagem pop. Os vaga-lumes de Didi-Huberman são retrabalhados aqui em paralelo com a imagem proposta da geladeira, para construir um debate sobre a natureza ambivalente do discurso artístico em questão – a ambivalência e a intermitência de um discurso que é amplamente hegemônico e difusamente subversivo – e para ressaltar, novamente o aspecto político inerente a sua poética. Desse debate, é também o corpo que emerge, ambos, como tópico das canções de Kurt Cobain, dos enquadramentos de Andy Warhol e das linhas de William Burroughs e Allen Ginsberg; e como forma última de resistência política. O artigo dialoga também com o pensamento de Michel Foucault, David Harvey, Stuart Hall e Gilles Deleuze, entre outros.