Descrição
O objetivo deste trabalho é apresentar uma leitura de aproximação temática e representações da linguagem entre o romance O Idiota (1869), de Fiódor Dostoievski e o romance Macau (1934), de Aurélio Pinheiro. O Idiota está situado no contexto do realismo russo, no século XIX e Macau no contexto da literatura brasileira, produzida na década de 30 do século passado. Com pluralidade de diálogos instaurados na organização dos enredos, observamos lugares de falas que representam grupos sociais, seus costumes e como se relacionam. Essa multiplicidade discursiva revela as tensões de uma sociedade, a coexistência simultânea de múltiplos sistemas ideológicos, o jogo de interesse político e de poder, ou seja, um microcosmo da linguagem que reflete um macrocosmo da sociedade. Na análise, abordamos a temática do poder, as relações sociais, as relações afetivas e, ao mesmo tempo, como alguns personagens encontraram resistência diante de suas ambiciosas ações. As reflexões apresentadas foram elaboradas a partir das concepções do teórico russo Mikhail Bakhtin ao defender que o romance é um gênero esteticamente acabado, mas que sua recepção está aberta a possíveis atualizações, fazendo assim o leitor cocriador. Nessa escrita, foi possível perceber que as tensões da linguagem, nos artifícios que as narrativas apresentam, a partir das ideias do filósofo Mikhail Bakhtin, denunciam tensões sociais que refletem os conflitos marcados por personagens arquétipos, as quais são reveladoras dos espaços em que se passam as narrativas.