Descrição
Atualmente, um dos focos do ensino de literatura é a formação do leitor. Tendo em vista esse pressuposto, foi analisado um texto canônico de modo a contribuir com o trabalho didático de uma obra do século XVI. No Portugal quinhentista, a educação e a sociedade estavam ligadas aos valores cristãos. Sendo a farsa um gênero da literatura dramática, que apresenta uma crítica social por meio da comicidade, o objetivo deste trabalho é analisar o enquadramento da peça O velho da horta de Gil Vicente enquanto farsa. A partir de microanálises do texto dramático relacionadas aos costumes do século XVI, conclui-se que a comicidade não está ligada à questão etária das personagens Velho e Moça, mas sim a recusa da jovem personagem pelos galanteios do Velho e que o desfecho das personagens Velho e Alcoviteira está atrelada à violação da moral cristã conforme descrita em passagens bíblicas. Dessa forma, acredita-se que o mecanismo de análise do contexto social da época em que o texto foi produzido para a posterior discussão do gênero literário auxilia nas elaborações didáticas que visem a formação de leitor no ensino de literatura a partir de um texto canônico quinhentista.