Descrição
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre aspectos sociais da poética de Adão Ventura na obra A cor da pele. Sua poesia representa um indivíduo amargurado pela injustiça e marcado pela cor da pele. A voz de revolta é analisada pela pertinência do seu discurso que denuncia a privação dos direitos do negro na sociedade de hegemonia branca. Para análise da escrita, são usadas obras que abordam literatura, sociedade e preconceito. As teorias se articulam como argumentos em favor das reflexões em prol da associação entre literatura e direitos humanos, proposta de forma central por Antonio Candido. Observa-se que os versos do poeta apresentam um movimento dinâmico em que o exercício do direito de se expressar desperta a reflexão sobre a importância de se fazerem valer os direitos de todo indivíduo, independente de falsas valorações baseadas em etnias e outros equívocos. A força das metáforas revela-se proporcional ao sofrimento do elemento afrodescendente proscrito da sociedade brasileira, contradizendo os fundamentos constitucionais dos direitos de todo cidadão. As vozes da África são simbolizadas como ecos no íntimo do eu negro, que se expressa como quem mostra a própria ferida ao seu algoz.