Descrição
O presente artigo tem como objetivo analisar o discurso veiculado pelo periódico ultramontano O Apóstolo, editado durante a segunda metade do século XIX, identificando as referências do modelo de modernidade e secularização por ele propagado, distinto do modelo regalista e do modelo liberal. O Apóstolo reabilitou, em seu plano discursivo, matrizes teológicas e filosóficas que pautaram a reforma católica no contexto da chamada romanização, ancorados no Concílio de Trento, nos escritos dos tradicionalistas franceses e na repercussão da Encíclica Quanta Cura e do anexo Syllabus, de 1864, em que o Papa Pio IX elencou os chamados “erros modernos”. Neste sentido, pretende-se analisar o modo como o discurso ultramontano veiculado pelo Apóstolo apropriou-se destas referências, a fim de posicionar-se acerca da principal questão em voga: o lugar da religião na sociedade brasileira. A análise é feita a luz da teoria de Pierre Bourdieu, que traz contribuições acerca das disputas simbólicas que atravessam as práticas discursivas do jornal.