Descrição
O artigo se propõe a detectar, na produção acadêmica brasileira recente, evidências da permanência do interesse pela instância do político na historiografia. Através de uma rápida incursão pelas formas e lugares que a história política assumiu e ocupou ao longo do século XX, as autoras buscam mostrar as transformações que devolveram a atenção dos estudiosos a esse tipo de abordagem que, desde a década de 70, valeu-se da interdisciplinariedade para reformular-se. Mentalidades, antropologia histórica, estudos de gênero e marxismo (dentre tantas outras influências) tiraram o político da esfera institucional que antes o caracterizava, fazendo com que assumisse uma nova feição. O novo ¿político¿ passava a corresponder a um lugar de articulação do social e de sua representação, constituindo a matriz simbólica que enraíza e reflete a experiência coletiva. Com essas premissas e com um conceito da esfera política que abarca a experiência cotidiana da dimensão informal (muito calcada na análise foulcaultiana de poder) além da dimensão formal (o Estado), as autoras analisam a produção historiográfica recente para mostrar que o interesse pelo político sobreviveu ao tempo. O tema da dominação (pelo Estado ou pelas elites) e a questão perene do poder permeia a produção no campo da história, situando o político na esfera do concreto.