Descrição
Murilo Mendes é considerado um poeta conciliador de contrários que entende a poesia como linguagem que deflagra as contradições inerentes à vida humana (MOURA, 1995).O presente artigo trata, em especial, da potência de vida na paisagem construída pela linguagem muriliana, o que significa dizer que Mendes, ao construir uma paisagem que integra mundo/homem e dissolve as dicotomias eu x espaço, homem x natureza, espaço x tempo traz à tona o que há de mais poderoso na natureza, nas coisas e na vida, a contradição harmônica. No artigo verifica-se que a paisagem em sua obra não é uma tentativa de retrato fiel à realidade, não é algo que se manuseia a favor do homem, é um olhar que resgata a dinâmica da vida em sua multiplicidade, propondo um homem que se relaciona de modo completo e intenso com o mundo. O corpus da pesquisa é composto por quatro poemas retirados dos livros Os quatro elementos, Poesia Liberdade e Convergência. Para seleção foi utilizada a teoria de Michel Collot sobre paisagem poética (COLLOT, 2013), pois o autor defende que uma paisagem não é construída apenas com o olhar e também pode ser construída pela linguagem. A Hermenêutica servirá como método de interpretação, propondo assim uma leitura possível sem reduzir a obra a um único olhar.