Descrição
Em 1968, a Igreja do Rosário, localizada no subúrbio carioca. montou uma exposição em homenagem aos 80 anos de Abolição da Escravatura, revelando entre as obras expostas a litografia Castigo de Escravos. A imagem carrega uma figura feminina de olhos fixos que nos encaram, enquanto em sua boca leva uma espécie de mordaça, conhecida como máscara de flandres. Ganhando apreço de religiosos, hoje ela é afamada como a Escrava Anastácia. Não se sabe ao certo a biografia oficial da escrava, o que nos diz respeito a profundas tentativas de silenciamento. O intuito do presente artigo é trazer uma análise através das biografias e imagem de Anastácia, do ponto de vista da teórica e artista Grada Kilomba e dos trabalhos da artista visual Rosana Paulino. Ambas resgatam a imagem de Anastácia e a máscara de flandres para o campo simbólico de maneira a criar uma metáfora sobre os processos de colonização, silenciamentos e como os resquícios dessa violência nos afeta até os dias atuais.