Descrição
Tomando como ponto de partida a noção de “exílio” – em sentido concreto e ideal – este texto tenta reler a relação travada por Murilo Mendes com a tradição e a arte italianas, ao longo da sua permanência na Europa. A sua condição de poeta déplacé, constantemente fora do seu lugar pátrio e todavia bem dentro daquele espaço cultural que foi, desde sempre, o seu, o leva a refletir, tanto na sua produção em prosa quanto na lírica, sobre essa estranha heterotopia que o faz ser, contemporaneamente, filho da tradição europeia e criador de uma expressão artística que, sendo brasileira, combina e conjuga patrimônios culturais diferentes. Para vencer esse estatuto singular de artista vivendo entre dois mundos, ele vai construindo, aos poucos, uma nova comunidade intelectual em que ele se inclui ficando todavia à margem dela, aceitando o ambíguo papel de “poeta brasileiro de Roma”.