-
A pretensa objetividade e imparcialidade da narrativa jurídica simples||The pretential objectivity and impartiality of the simple legal narrative
- Voltar
Metadados
Descrição
Neste trabalho, defende-se que a objetividade e a imparcialidade atribuídas à narrativa jurídica simples representam uma abstração, na medida em que todo texto é constituído a partir de uma subjetividade. Nesse sentido, sustenta-se que aquilo que se obtém na redação de tal sequência linguística é um efeito de isenção e neutralidade, mas não a objetividade e a imparcialidade por si mesmas. Tal ponto de vista, na verdade, representa um conhecimento compartilhado entre os linguistas que, em suas análises, levam em consideração o contexto em que se erige a enunciação. Sob esse prisma, considera-se que o material linguístico sempre denuncia a perspectiva do produtor do texto, mesmo quando, na escolha lexical, selecionam-se elementos que não apresentam natureza dêitica ou avaliativa, pois outros fatores operam na construção da subjetividade: a categorização, a conceptualização das cenas e o emprego de operadores argumentativos, por exemplo. Para a comprovação de nossa hipótese, faz-se o estudo de dois relatórios extraídos de pareceres técnicos jurídicos, redigidos em narrativa simples. Vale ressaltar que a seleção dos textos se deu a partir de uma obra cujo objetivo é ensinar aos graduandos de Direito os aspectos fundamentais dessa sequência textual.||This paper aims to prove that objectivity and impartiality, text qualities usually associated with some type of texts, such as the legal narratives, are a kind of abstraction, since every text presupposes subjectivity. This position, in fact, is not new, but shared by linguists whose researches take into consideration the process of enunciation. In this sense, linguistic structures always exhibits perspectivization, even when lexical selection does not have to do with modalization or deictic material. Thus, we argue that other factors operate in the expression of subjectivity, such as categorization, conceptualization of scenes and the use of argumentative operators. To test our hypothesis, we analyzed some legal texts that were written in order to obtain objectivity and impartiality.
ISSN
2316-6169
Autor
Lopes, Monclar Guimarães
Data
10 de junho de 2017
Formato
Identificador
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/arredia/article/view/5521 | 10.30612/arredia.v6i10.5521
Idioma
Relação
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/arredia/article/view/5521/3913 | /*ref*/AUTHIER-REVUZ, J. Entre a transparência e a opacidade: um estudo enunciativo do sentido. Porto alegre: EDIPUCRS, 2004. | /*ref*/BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. | /*ref*/BALLY, C. El linguaje y la vida. Buenos Aires: Losada, 1944. | /*ref*/BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral I. Campinas: Pontes, 1988. | /*ref*/CABRAL, A. L. T. A força das palavras. Dizer e argumentar. São Paulo: Contexto, 2011. | /*ref*/CHARAUDEAU, P. Grammaire du sens et de l’expression. Paris: Hachette, 1992. | /*ref*/FETZNER, N. C; VALVERDE, A. G. M; JUNIOR, N. C. T. Lições de Argumentação Jurídica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. | /*ref*/FETZNER, N. C; SOUZA, A. C. E; PALADINO, V. C. Argumentação Jurídica. Teoria e Prática. 4ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editoras, 2013. | /*ref*/FLORES, V. N; TEIXEIRA, M. Introdução à Linguística da Enunciação. São Paulo: Contexto, 2008. | /*ref*/KERBRAT-ORECCHIONI, C. Os atos de linguagem no discurso. Niterói: Eduff, 2005. | /*ref*/JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1974. | /*ref*/LANGACKER, R. CognitiveGrammar. New York: Oxford University Press, 2008. | /*ref*/MONDADA, L; DUBOIS, D. Construção dos objetos de discurso e categorização: Uma abordagem dos processos de referenciação. In: CAVALCANTE, M. M; RODRIGUES, B. B; CIULLA, A (orgs). Referenciação. São Paulo: Contexto, 2003. | /*ref*/ODGEN, C. K; RICHARDS, I. A. O significado de significado: um estudo da influência da linguagem sobre o pensamento e sobre a ciência do simbolismo. São Paulo: ZaharEditores, 1972. | /*ref*/SACKS, H. Lectures on Conversation. Vol 1. Oxford: Blackwell, 1992. | /*ref*/SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 1971. | /*ref*/TALMY, L. Toward a Cognitive Semantics.Vol I. Concept Structuring Systems. Cambridge: The MIT Press, 2010. | /*ref*/TRAUGOTT, E. C; DASHER, R. Regularity in semantic change. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
Direitos autorais
Direitos autorais 2017 ArReDia
Fonte
ArReDia; v. 6, n. 10 (2017); 15 - 29 | 2316-6169
Assuntos
Narrativa simples. Enunciação. Categorização. Conceptualização das cenas. | Legal narratives. Enunciation. Categorization. Conceptualization of scenes.
Tipo
info:eu-repo/semantics/article | info:eu-repo/semantics/publishedVersion