Descrição
Este artigo relaciona desafios ligados à modernidade líquida, à docência e à literatura de autoajuda (LA). Objetiva identificar e analisar de que forma os professores acreditam utilizar a LA no cotidiano escolar e; averiguar se LA influencia na discussão sobre a condição da docência e da identidade profissional do professor. Respondendo a um questionário, 55 professores participaram deste estudo qualitativo. No tratamento dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo. Entre os participantes, 40 apresentaram contribuições da LA, sendo essas voltadas à dimensão pessoal e/ou profissional. Na dimensão profissional, evidenciaram que os livros corroboraram a dimensão técnica do ensino; favoreceram reflexões sobre a prática; e, especialmente, auxiliaram nas interações entre professores e alunos (dimensão humana). Considera-se que, com uma linguagem clara e sedutora, a LA apresenta uma escrita que busca se aproximar da pessoa, resgatando questões importantes ao cotidiano docente, que nem sempre são devidamente contempladas nas políticas públicas ou na formação docente. Conclui-se que a LA, na forma de uma pedagogia da autoajuda, situa-se entre dois modelos de formação, pois não se fixa numa formação mais clássica pautada na moralidade, mas também não a ignora, assim como não dá total autonomia ao professor e nem o deixa de mãos vazias. Nesse sentido, embora ela não opere no âmbito de uma consciência de grupo profissional, ela oferece contribuições ao âmbito individual que não devem ser ignoradas, mas sim compreendidas à luz os desafios e do contexto que hoje vivenciamos.
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