Descrição
Em Le Philosophe et son Ombre, Merleau-Ponty agencia uma lapidar metáfora no intuito de circunscrever certo domínio de experiência, em rigor, pré-reflexiva, que estaria presente, particularmente, nos últimos trabalhos de Husserl: a sombra. Afinal, o que, mais propriamente, teria permanecido à “sombra” do filósofo? Ora, o pathos corolário do saber ocidental: “a tradição como esquecimento das origens”. Husserl então entrevê outra tarefa cara à fenomenologia, aquém e além de seu idealismo transcendentalmente professo: o retorno à Lebenswelt como horizonte pré-teorético. Trata-se, arqueologicamente, de escavar uma camada de evidência originária, isto é, um mundo bruto, em estado barroco ou selvagem como ainda não pensado. É essa zona de sombra como emblema concreto do Eu puro que não pode mais ser “posta entre parênteses”.