Descrição
Os currículos escolares são territórios de disputa de projetos ideológicos e econômicos das mais diferentes tendências e colorações.Escondem-se por trás destas tendências valores de compreensão do ser humano, da organização social em grupos, religiões, etnias e classes. Debatem-se todos eles pela apropriação dos conhecimentos difundidos e produzidos na escola. Tais conhecimentos não são neutros, tanto assim que as principais forças sociais buscam pela sua apropriação.O artigo em pauta, visa mostrar que entre os aspectos não neutros do currículo encontra-se a solidariedade como condição humana de aprendizagem significativa, como formadora de cidadania, de valorização das diferentes áreas epistêmicas. São trazidos como fundamentadores teóricos dessa perspectiva os pensamentos de Lévinas, Paulo Freire, Enrique Dussel e Boaventura Souza Santos numa varredura cuidadosa do pensamento vivo destes autores. O artigo analisa práticas curriculares já existentes assim com a conclamação para que se retornem aos currículos as ações comprometidas com um saber vivo e que criticamente proponham uma sociedade mais justa, crítica, participativa e inovadora. Busca-se superar no artigo a visão da solidariedade como princípio religioso de piedade ou de superioridade de apoio a grupos carentes.