Descrição
Entre 250 e o ano 1000 AD, existiram grupos humanos que subsistiam pela exploração dos recursos abundantes em ambientes lacustres na Baixada Maranhense, um complexo mosaico de ecossistemas no extremo oriental do bioma amazônico. Essas populações construíam moradias suspensas por esteios que fixados em profundidade no leito dos lagos estruturavam habitações que livres do contato com a superfície alagada, propiciavam o viver em proteção durante as oscilações sazonais das águas, conforto térmico, além do acesso estratégico a bens essenciais a manutenção da sobrevivência diária. A cultura material proveniente desse contexto consiste em um repertório de artefatos de madeira, líticos e principalmente de uma elaborada e diversificada produção ceramista, de caráter utilitário e ritualístico, caracterizada por elementos e simbologias cosmogônicas presentes em representações pintadas, modeladas e incisas. Os mapeamentos realizados nos últimos 20 anos, a escavação do sítio Lontra (Penalva) norteada por dados geofísicos e a identificação e a delimitação espacial, em 2012, de um sítio palafítico no lago Coqueiro (Olinda Nova) por meio do levantamento com estação total de cerca de 8000 esteios remanescentes do assentamento original foram avanços importantes na retomada da temática. Tais pesquisas permitiram a consolidação de alguns dados preliminares e favoreceram a elaboração de novas abordagens e discussões teóricas de questões ainda pouco esclarecidas sobre a implantação e configuração dos sítios em si e em termos regionais, inserção e manejo ambiental e concepções de espaços, conteúdo cultural e complexidade funcional e social inerentes a sua dinâmica.